Estou cego!



Empiezo a leer en el original portugués (Ed. Caminho, Lisboa, 1995) y rescato algunos fragmentos ya en las primeras páginas...

Primero, el susto de una novedad horrorosa; esa sensación de hundirse el suelo bajo nuestros pies, de desvanecerse lo esencial de nuestra persona y quedar el alma desnuda ante una realidad aterradora:

"Não vejo, não vejo, murmurava entre o choro [...] O cego ergueu as maos diante dos olhos, moveu-as, Nada, é como se estivesse no meio de um nevoeiro, é como se tivesse caído num mar de leite, Mas a cegueira não é assim, disse o outro, a cegueira dizem que é negra, Pois eu vejo tudo branco ..."

El mundo exterior que antes sabíamos dominar resulta amenazante; estamos indefensos y es una sensación extraña cuando uno ya ha madurado y lleva tras de sí una vida entera de lucha:
"O zelo pareceu de repente suspeito ao cego, evidentemente não iria deixar entrar em casa uma pessoa desconhecida que, no fim de contas, bem poderia estar a tramar, naquele preciso momento, como haveria de reduzir, atar a amordaçar o infeliz cego sem defesa, para depois deitar a mão ao que encontrasse de valor."

La amenaza se materializa más adelante. Pero nuestro protagonista deja a esa realidad seguir su curso y se vuelve hacia sí mismo una vez pasada la primera impresión. Ahora hay una nueva realidad que intenta comprender:
"... a insondável brancura cubria tudo (...) numa brancura tão luminosa, tão total, que devorava, mais do que absorvia, não só as cores, mas as próprias coisas e seres, tornando-os, por essa maneira, duplamente invisíveis."

Y en esa nueva realidad, nuevas experiencias de sí mismo y del mundo alrededor; tendrá que reaprender:
"O sangue, pegajoso ao tacto, perturbou-o, pensou que devia ser porque não podiai vê-lo, o seu sangue tornara-se numa viscosidade sem cor, em algo de certo modo alheio que apesar disso lhe pertencia, mas como uma ameaça de si contra si mesmo."

"Se vou ter de ficar assim, acabo com a vida"

Finalmente, la reafirmación en sí mismo pero de momento por oposición al otro:
"A mim porquê. [...] o motorista. Estivesses tu como eu, e não poderias ir aí a guiar, pensou infantilmente, e, sem reparar no absurdo do enunciado, congratulou-se por, em meio do seu desespero, ter sido ainda capaz de formular um raciocínio lógico."

Así comienza el ensayo, la nueva aventura.

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